TRANSMUTANDO-SE PARA O PERDÃO: uma reflexão sobre o compromisso de amar.
por Nilton Lima
O Espírito de Verdade nos veio trazendo a Boa Nova do Consolador Prometido por Jesus.
O Espiritismo, assim, chegou-nos como efetivação dessa promessa, mas, sobretudo, sob a forma de tarefa a cumprir.
Sem sombra de dúvida, nele a tarefa determinada de instrução é de imprescindível cumprimento. Contudo, sendo vinculada ao que Jesus quer de nós, toda essa instrução consiste na compreensão exata do Evangelho Redivivo; tanto assim, que o imperativo paralelo, lá contido, é Espíritas, amai-vos!
O Espiritismo traz em si essas duas assertivas que andam de mãos dadas, conclamando-nos à união em entendimento e amor; à compreensão do Evangelho e aplicá-lo.
Em nossos dias, assistimos implacáveis sagas de perseguição aos “cangaceiros” contemporâneos. O primeiro pensamento que nos ocorre é “carcará” … Dentro de nós, este pensamento justifica a realização da “justiça dos homens”, extirpar da sociedade quem nos faz o chamado mal.
Quem são os “cangaceiros” dos nossos dias? O que faremos com eles? Decapitação?
Qual a lei que deveremos aplicar? A do olho por olho, de outros tempos, em conformidade com o grau de compreensão dos tempos do Êxodo (período em que Moisés liderou os israelitas durante a fuga do Egito, através da região desértica do Monte Sinai)?
Não seriam aquelas pessoas as ovelhas desgarradas da Casa do Pai? Não caberia agora, para os novos tempos, a transmutação desse preceito em agir pelo amor? O que faria Jesus por eles?
Espíritas! Amai-vos[…]
Espíritas! Propagai o amor!
Essa é a tarefa que nos cabe como seguidores de Jesus na Nova Era. A verdadeira mudança de paradigma não deve residir unicamente na letra morta, porém, na palavra viva e vivificada pelo amor.
Agir amorosamente não é condenar simplesmente o irmão errante. É dar-lhe vez para o arrependimento. Deus não quer a morte do pecador, mas que ele viva e se arrependa. O que se busca é a tomada de consciência.
Agir amorosamente é transformar nossa guerra interior, atrelada a um senso de justiça calcada de ações de revide, de vingança; é transformar para a paz; é atender a esse desafio com a prudência cristã; é transmutar a perseguição em perdão; é agir com caridade.
O grande desafio dos tempos chegados é esse: transmutar-se de carne em Espírito.
Se pensarmos como seres já iluminados, a iluminação dificilmente se completará, porque é agindo como santos que a vida se nos abrirá as portas.
Agir como santo é abrir portas da eternidade. E o que significa “abrir portas da eternidade”, senão aplicar o sentimento de amor tal qual Jesus nos exemplificou naquele Calvário, diante dos algozes e daqueles companheiros de crucificação, lançando a rogativa ao Pai: Perdoa-os, eles não sabem o que fazem…
Paulo, o apóstolo, nos disse, em 1Coríntios13: […]Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino […]
O “cangaceiro” é mais um menino que necessita ser educado e amado para enxergar a luz divina, e nós precisamos pensar como homens e deixar para trás as coisas de meninos.