A Doutrina Espírita como mensageira da vida!
Por Suzana Vilas
Ecoa de todos os pontos do globo terrestre o sofrimento com a perda dos entes queridos. Diante do cenário da morte biológica ninguém permanece impassível. Esses acontecimentos geram grande e dilaceradora angústia que sentimos em relação à perda do ser que parte, deixando uma ausência irreversível, que nos constrange a uma dor quase insuportável, afligindo a alma e o coração. A dor da separação através das mortes, sejam prematuras, naturais ou coletivas, provoca crises e momentos de desestruturação nos núcleos familiares.Trata-se de um momento grave, gerador de sofrimento emocional com o rompimento material dos laços afetivos.
O processo de luto difere para cada indivíduo; alguns evitam falar e até mesmo fazer uma reflexão sobre o assunto, que é sempre útil para que se possa efetuar mudanças significativas em suas vidas.
Recordamos aqui a passagem de uma figura ímpar no meio espírita, hoje um espírito espírita em outra dimensão, que teve uma reencarnação como o escravo Rufo no ano 235.
“O Evangelho é a revelação divina” – dizia Rufo aos romanos perversos, que decidiram como castigo, para servir de exemplo para todos os que seguiam o Nazareno, arrastá-lo atado à cauda de um potro selvagem. Segundo os opositores aos ensinamentos daquele homem simples de Nazaré, esse era sempre um quadro festivo. E Jesus, continuava Rufo, não é um mistificador e sim o Mestre da Vida Imperecível.
Sua família, que vivia sob as firmes noções do Cristianismo sentido e vivido, seria vendida para o mercador e expulsa da cidade. Naquele momento trágico, Berzélio, o comprador de cativos, abeirou-se dele e sussurrou-lhe aos ouvidos: “Tua família encontrará um lar em nossa casa de Aquitânia. Morre em paz, eu também sou cristão”.
A história desse mártir encontra-se no livro Ave Cristo! Registre-se aqui que mais de dois séculos já se haviam passado desde a inesquecível tragédia do Gólgota. Emmanuel, através de Chico Xavier, narra sua história como Quinto Varro, que reencarnou obstinado para ajudar Taciano, o seu filho amado e ingrato.
Rufo, conhecido em sua última encarnação como Eurípedes Barsanulfo, nasceu no ano 1880, na cidade de Sacramento, estado de Minas Gerais, desencarnando aos 38 anos de idade, em 1º de novembro 1918. Converteu-se ao Espiritismo em 1905 e, desde então, tornou-se o maior propagandista naquela região.
Aprendemos com a vasta literatura espírita que a vida no corpo físico é um aprendizado para o espírito. Léon Denis, no Livro Depois da Morte, nos lembra que a vida é curta. Enquanto ela durar, “esforça-te por adquirir o que vieste procurar neste mundo: o verdadeiro aperfeiçoamento. Possa teu ser espiritual daqui sair melhor e mais puro do que quando entrou!”
Allan Kardec nos diz que a morte de natureza orgânica é a libertação do ser espiritual. Em ‘O Livro dos Espíritos’, Kardec, na questão 149, pergunta: “Que sucede à alma no instante da morte?”, e a resposta não poderia ser mais clara: “Volta a ser Espírito, isto é, volve ao mundo dos Espíritos, donde se apartara momentaneamente.”.
Então, voltemos a Berzélio, quando ele diz: sou cristão!
Em Atos dos Apóstolos (11: 25-26), fala-se dos seguidores de Jesus que foram chamados pela primeira vez de cristãos em uma cidade chamada Antioquia, que tinham como regra a fé.
A plêiade de espíritos que se apresentaram a Denizard Hippolyte Léon Rivail (Allan Kardec), vem nos esclarecer e nos instruir, consolando os pobres deserdados, lembrando o Divino Amigo a dizer: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus, 11:28).
Somos cristãos, e a Doutrina Espírita, que se baseia nos ensinamentos de Jesus como doutrina libertadora, nos esclarece que a morte é somente uma transferência de dimensão vibratória, tendo o espirito que passar por muitas encarnações.
Amélia Rodrigues, pela psicografia de Divaldo Franco, no Livro Vivendo com Jesus, diz-nos que “aquele que assim procede, desde então, tem o Reino dos Céus no coração, prolongando-o para além da morte física, quando o espírito, livre das injunções penosas, muitas vezes, do corpo se alça em direção ao Pai Amoroso”.
Através de várias migrações da alma, de reencarnação em reencarnação, vamos nos erguendo e reerguendo do túmulo, mais vivos do que nunca. Jesus quis tornar compreensível, dizendo a seus discípulos (Capítulo III de ‘O Evangelho segundo o Espiritismo’): “Não se turbe o vosso coração. Crede em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais. (João, 14:1 a 3).
Jesus nos enviou ao planeta Terra, escola abençoada de luz, para nos conduzir a Deus – portanto, morrer não é o fim! É, na verdade, uma proposta de recomeço e oportunidade de transformação!
“Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a Lei.” (frase inscrita no túmulo do professor Hyppolite Léon Denizard Rivail, Allan Kardec, no Cemitério Père-Lachaise em Paris, França, onde foi sepultado o seu corpo material).
150. A alma conserva a sua individualidade após a morte?
— Sim, não a perde jamais. O que seria ela se não a conservasse?
(…) 150 – b) A alma não leva nada deste mundo?
— Nada mais que a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor. Essa lembrança é cheia de doçura ou de amargor, segundo o emprego que tenha dado à vida. Quanto mais pura para ela for, mais compreenderá a futilidade daquilo que deixou na Terra.
152. Que prova podemos ter da individualidade da alma após a morte?
— Não tendes esta prova pelas comunicações que obtendes? Se não estiverdes cegos, vereis; e se não estiverdes surdos, ouvireis; pois freqüentemente uma voz vos fala e vos revela a existência de um ser que está ao vosso redor (O Livro dos Espíritos/ Allan Kardec).