O trabalho e progresso…

O trabalho e progresso com uso da Inteligência Artificial viola a Lei do Trabalho, um dos princípios morais do Espiritismo?

Por Mário Sérgio de Araújo Sampaio

Nos últimos anos pode-se perceber um avanço célere e contínuo da tecnologia, principalmente com a utilização da IA (Inteligência Artificial), em várias áreas do conhecimento humano. Esse avanço tem provocado uma ampla reflexão na relação ser humano x máquina, notadamente no campo do trabalho, pois alguns estudiosos manifestam suas opiniões destacando que em futuro próximo as máquinas tomarão os lugares dos homens. 

Devemos nos preocupar em perder lugar para as máquinas? O que a doutrina espírita nos orienta nesse sentido? 

Em artigo publicado pela FEESP – Federação Espírita do Estado de São Paulo, e escrito por Lídia Maria Andrade Conceição, ela destacou com muita propriedade que:

 “o importante não é qual o trabalho que exercemos, mas, como exercemos, isto é, com amor. O amor em tudo o que fazemos é que nos permite retirar de tudo a melhor parte, que consiste no aprendizado que ultrapassa a realização da tarefa e, se converte em sabedoria para o Espírito”. 

Assim, em todos os tempos fica claro que, não basta apenas a realização de tarefas, quaisquer que sejam elas: operacionais ou intelectuais, mas, durante as suas execuções devemos empregar a nossa melhor parte e muita boa vontade, identificando as oportunidades de melhorias, revisando antigos conceitos e nos permitindo ao novo. 

Demais disso, precisamos empregar todo o nosso amor no momento das realizações dessas tarefas, pois assim geraremos benefícios aos que utilizarão os produtos, inclusive nós mesmos. 

Em relação a pergunta desse artigo, certo é que os avanços tecnológicos, dentre eles o da IA (Inteligência Artificial), desenvolve sistemas e aplicações para reproduzir em máquinas os comportamentos e ações dos homens, visando alcançar e simular experimentos, que pelas vias operacionais, demorariam anos para suas conclusões.

Em seus estudos sobre os avanços tecnológicos e o espiritismo, Raphael Vivacqua destaca de modo bem assertivo o seguinte:

“outro aspecto a ser destacado na diferenciação entre a inteligência humana e a artificial é a habilidade de realizar juízo de valor, baseado em seu código moral, definindo o bem e o mal, o certo e o errado”. 

Nesse sentido ele ratifica o entendimento acima afirmando que:

“por mais que se tente inserir numa inteligência artificial os parâmetros e critérios de um código moral elevado, este não terá a perfeição das leis divinas, porque será uma criação humana, afetada por inevitáveis contradições e imperfeições”. 

Portanto, a nossa doutrina espírita a todo momento lembra que carregamos em nossas consciências o código moral das leis de Deus para orientar, sempre, o nosso progresso, a relação com o mundo do trabalho, os caminhos da evolução moral e a nossa capacidade e consciência nas tomadas de decisões baseadas nos juízos de valores.

Entendo que o progresso do mundo e a novidade da IA (Inteligência Artificial) não violam as leis morais e é algo inevitável, pelo contrário, como nos ensina Kardec “o progresso moral decorre do progresso intelectual”, dessa forma, quando trilham juntos a mesma caminhada a humanidade evolui, bem como, esse avanço tecnológico serve para aprimorar mais e mais os conhecimentos dos espíritos encarnados nesse mundo e dos que virão noutras possíveis encarnações.   

Por experiência própria, na minha atividade de trabalho estamos desenvolvendo o uso da IA (Inteligência Artificial) em uma etapa importante do processo e quer saber, estamos empolgados e passa por nossas cabeças os benefícios e ganhos de produtividade que serão gerados com a implantação dessa aplicação.

Assim, concluo dizendo que o progresso e tecnologia fazem parte do mundo e são necessários para a geração de produtos, serviços e informações utilizadas por todos com ganhos enormes à população, logo finalizo trazendo as orientações de Kardec destacando que o espiritismo ensina a pautar nossas ações, reações e reformas buscando renascer e progredir continuamente, tal é a lei.

“Tudo na Natureza trabalha. Como tu, trabalham os animais, mas o trabalho deles, de acordo com a inteligência de que dispõem, se limita a cuidarem da própria conservação. Daí vem que, do trabalho não lhes resulta progresso, ao passo que o do homem visa duplo fim: a conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar, o que também é uma necessidade e o eleva acima de si mesmo. Quando digo que o trabalho dos animais se cifra no cuidarem da própria conservação, refiro-me ao objetivo com que trabalham. Entretanto, provendo às suas necessidades materiais, eles se constituem, inconscientemente, executores dos desígnios do Criador e, assim, o trabalho que executam também concorre para a realização do objetivo final da Natureza, se bem quase nunca lhe descubrais o resultado imediato.”
O Livro dos Espíritos, questão 677

Compartilhe…

WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn