IMORTALIDADE

Imortalidade

Por Edilson Marcos

 

A imortalidade é fato, ato, caminhada,

Alegria, dor e estrada,

Presença, na ausência esperada,

Turbulência, serenidade alcançada,

Descoberta inusitada…

A imortalidade é… a imortalidade.

 

Ao longo de nossa trajetória o ser humano segue em busca, de forma fictícia ou não, de algo que já possui: a imortalidade.

São fontes de água milagrosa, cálices, fórmulas mágicas, feitiços, sacrifícios etc.

De forma equivocada persegue a imortalidade do corpo sem se dar conta que possui a imortalidade da alma. Pondo assim, o seu olhar aquém do horizonte. Ou seja, somos seres imortais. Preso ao materialismo, transita entre os sentidos privilegiando o tato enquanto condição sensorial lhe caracterizando a existência. Mesmo com tantos exemplos indiscutíveis de presença imaterial.

E nesse ínterim, todos os dias nos deparamos com situações que alegram, emocionam e despertam curiosidades: os chamados precoces.

Em todas as áreas, em lugares distintos, ouvimos e vemos nos noticiários sobre crianças de tenra idade com “dons” ou feitos extraordinários que não condizem com seu arcabouço intelectual para lhe possibilitar tais atos ou feitos admiráveis. Daí se segue a pergunta que não quer calar: Como pode? Como consegue? Onde e com quem aprendeu? Etc…

Na verdade, não nos damos conta de que a realidade do Espírito, que é imortal, através do conjunto de suas existências corporais, é capaz de construir, ampliar, acumular, desenvolver conhecimentos em todas as áreas e cada uma a seu tempo. Além disso, experimentamos a oportunidade de nos melhorarmos moralmente em cada uma dessas existências, que chamamos de reencarnação.

E quando o despertar de uma habilidade inata traz em si estranheza, interesse ou mesmo curiosidade, nos cabe apenas acolher, direcionar e permitir, com discernimento e sabedoria, que ela cumpra o seu papel no mundo, ajudando assim na evolução da Humanidade.

Para nós, costuma ser fácil compreender que somos capazes de guardar na memória lembranças alegres ou tristes que por vezes transmitimos aos nossos filhos, que por sua vez transmitem aos seus filhos, e que por sua vez aos filhos de seus filhos, seguindo assim, de geração a geração, perpetuando um fato, uma história, uma situação. E, assim, frequentemente sem questionarmos a nossa capacidade de preservar acontecimentos na memória, vamos transitando na superfície da imortalidade enquanto seres encarnados, como se a existência fosse uma só.

Por outro lado, com dificuldade aceitamos e assim questionamos a pluralidade dos mundos, existência do Espírito, suas sucessivas encarnações, a evolução moral, a caminhada da barbárie à civilização, o ceticismo à crença… Seguimos questionando… essa é uma condição do humano.

E na certeza de que a vida se acaba no túmulo, para alguns, o homem dedica sua vida ao acúmulo de riquezas, toda sorte de vícios, desvios de conduta, consolidados através do orgulho, egoísmo e vaidade. Para ele só existe o aqui e o agora.

Uma vez despertando após a morte do corpo físico, se vê confuso e iludido, cercado pela construção de seus atos, pensamentos, ações; semeadura. E nesse momento ímpar e ao mesmo tempo par, por não se tratar de uma primeira e única vez, permanece entregue à sorte de suas escolhas que podem lhe trazer dor ou alegria, assim como a presença amiga dos imortais que lhe antecederam na desencarnação, ou dos credores a lhe cobrar débitos antigos ou mesmo atuais.

Mesmo sem nos darmos conta, enquanto isso, a imortalidade está aí. Posta. Inquestionável. Há imortalidade no riso, na alegria da prece, no ombro amigo, na caridade consoladora e na esperança de dias melhores. No abraço afetuoso, no trabalho ardoroso e na certeza da felicidade em servir, na alegria de compreender que, mesmo na dor, existe beleza e razão e que tudo está encadeado em nosso processo de evolução.

Nesse contexto seguimos caminhando, descobrindo, elucubrando sobre os “mistérios” que nos rodeiam.  Sendo a imortalidade apenas uma delas. Seguimos desconstruindo, construindo, ressignificando conceitos, para não somente termos um melhor entendimento, mas, para sermos e pensarmos conforme somos: espíritos imortais.

A imortalidade não é presente nem castigo, é apenas a condição do Espírito que de nascimento simples e ignorante, progride através do tempo e de suas experiências reencarnatórias. A cada nova existência traz consigo o já aprendido, em busca de aprimoramento, ou seja, em busca da realização dos exercícios propostos na condição de “colegial” que muitas vezes não aproveitou bem o ano letivo.

Por fim, fica a reflexão. Aos crentes, um despertar consciente de sua condição primeira e aos descrentes, o desejo de um entendimento progressivo, instrutivo e proveitoso, ao seu próprio tempo. E, finalmente, que todos juntos possamos construir um mundo melhor.

“(…) Conforme notamos acima, os próprios seres que se comunicam se designam a si mesmos pelo nome de Espíritos ou gênios, declarando, alguns, pelo menos, terem pertencido a homens que viveram na Terra. Eles compõem o mundo espiritual, como nós constituímos o mundo corporal durante a vida terrena.
Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da doutrina que nos transmitiram, a fim de mais facilmente respondermos a certas objeções.
“Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.
“Criou o Universo, que abrange todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.
“Os seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos.
“O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo.
“O mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espírita.
“Os Espíritos revestem temporariamente um envoltório material perecível, cuja destruição pela morte lhes restitui a liberdade.
“Entre as diferentes espécies de seres corpóreos, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos que chegaram a certo grau de desenvolvimento, dando-lhe superioridade moral e intelectual sobre as outras.
“A alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório”.
(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec)

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