No mês de agosto que ressaltamos a importância do trabalho no bem, conheça um pouco mais sobre os seres que nos ajudam a trilhar nossa jornada, fazendo o bem em outra dimensão.
Mário Sérgio de Araújo Sampaio
Há muitas dúvidas sobre o papel do Anjo da Guarda em nossas vidas, me arrisco a dizer que, há uma certa incredulidade na existência desse ser de luz, pois são invisíveis e normalmente acreditamos naquilo que podemos ver, além do mais, eles estão empenhados em orientar a execução de um compromisso muito importante a todos, que é a reforma necessária para a evolução moral e isso nos incomoda quando exige esforço e dedicação na empreitada, pois, árduo será o caminho da transformação e da reforma dado que temos como característica o imediatismo. Com frequência guardamos expectativas de uma vida sem puxão de orelhas e que as coisas negativas e problemas desapareçam como num passe de mágica.
Assim, esse texto procura explicar quem é esse ser, o que ele pretende e qual o seu papel em nossas vidas. Surge, então, eventualmente, a pergunta mais importante, somos merecedores em ter essa companhia?
Na segunda parte, em seu capítulo IX, ‘O Livro dos Espíritos’ discorre sobre o assunto e traz o conceito do Anjo da Guarda, clareando e afastando as dúvidas acerca desse amigo devotado que vela por nós e só quer o nosso bem! Senão vejamos:
Questão 489 – Há Espíritos que se liguem particularmente a um indivíduo para protegê-lo?
“Há o irmão espiritual, o que chamais o bom Espírito ou o bom gênio”
Questão 490 – Que se deve entender por anjo guardião?
“O Espírito protetor pertencente a uma ordem elevada”;
Questão 491 – Qual a missão do Espírito protetor?
“A de um pai com relação aos filhos; a de guiar o seu protegido pela senda do bem,
auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, encorajá-lo nas provas da vida”;
Dada a relevância do tema, Os Espíritos seguem nos esclarecendo sobre os protetores em diversas questões subsequentes até a pergunta 514.
Léon Denis, nos ensinado sobre a reencarnação ratifica o disposto na pergunta 492 de ‘O Livro dos Espíritos’, diz:
“Longo será o período de desenvolvimento durante o qual a alma se ocupará em pôr à sua feição o novo invólucro,
em acomodá-lo às suas necessidades, em fazer dele um instrumento capaz de manifestar-lhe as potências íntimas;
mas, nessa obra, será coadjuvada por um Espírito preposto à sua guarda, que cuida dela,
a inspira e guia em todo o percurso da sua peregrinação terrestre” (grifo nosso).
Ademais, comentando sobre esse ser iluminado que nos acompanha desde o nascimento, Geraldo Campetti, vice-presidente da Federação Espírita Brasileira, traz de forma cristalina no seu texto “Amigo Invisível”, as seguintes lições:
“Espírito protetor, espírito amigo, espírito familiar, espírito simpático, guia espiritual,
mentor espiritual, anjo da guarda.
As denominações para esse espírito que nos acompanha durante a trajetória da vida material são variadas (grifo nosso).
É interessante sabermos que todos nós, por mais desmerecedores possamos nos achar diante da Providência Divina,
somos assistidos por este companheiro ou companheira do Plano Espiritual, que praticamente endossa nossa encarnação(…).”
A leitura desses textos, me remeteu a uma etapa de minha vida nessa reencarnação, quando nasci e morei por um tempo na cidade de Fortaleza/CE, passagem esta que revelo aqui, pois confirma para mim a presença do meu Anjo da Guarda e como ele esteve comigo sempre, vamos lá…
Uma das coisas que mais gostava quando criança em Fortaleza/CE era o dia de cortar o cabelo. Esse evento se tornava um momento especial, pois todos os homens da família (pai, irmão, tios e primos) se reuniam na casa do meu avô e partíamos juntos em direção ao salão de barbeiro, localizado no centro da cidade.
Eu, na minha estratégia, corria para ser atendido primeiro, pois sabia que até chegar ao último a cortar o cabelo demandaria muito tempo e assim poderia demorar mais na loja de materiais religiosos que ficava ao lado do salão. Esse momento me fazia muito feliz!
Normalmente eu me dirigia ao fundo da loja, lá ficavam as prateleiras com as imagens dos índios e entre elas, a imagem de um chamado Viramundo. Nossa, como eu gostava desse momento, pegava essa imagem de Viramundo e brincava por horas e horas, nem dava conta do tempo passar.
Um dia tomei coragem e pedi ao meu pai para comprar a imagem tão adorada e o meu pedido foi tão convincente que a ganhei de presente. Foram dias e dias brincando com aquele índio, que na minha intimidade, chamava de Viramundinho, tal era a minha identificação com ele.
Passaram-se os anos e meu pai tomou uma decisão muito importante para as nossas vidas, aceitou uma proposta de trabalho e nos mudamos para Salvador/BA. Nessa mudança não sei o que houve com a imagem de Viramundo, pois ela sumiu.
Acredito que, aproveitando a mudança, meu pai tenha se desfeito, afinal de contas, era apenas uma imagem de um índio já bem desgastada, ou seja, não valia a pena embalar para trazê-la.
Assim, perdi totalmente a lembrança de Viramundo, uma vez que, a minha preocupação passou a ser a adaptação em uma cidade nova, dado que uma vida diferente se apresentava para a minha família, com seus muitos desafios.
Os anos passaram, virei um baiano, tal a minha adaptação a essa linda cidade e, num belo dia, em março de 2011, comecei a ter muitos episódios com o meu corpo e mente, que mais tarde descobri serem os sinais da mediunidade aflorando.
Esses sinais me conduziram até a Casa do Caminho, onde encontrei as respostas necessárias para cada questão que trazia e dessa forma, segui o roteiro e iniciei ali o estudo da doutrina espírita, participei dos cursos oferecidos pela Casa e desenvolvi a minha mediunidade… contando assim, parece um circuito fácil e rápido, mas não foi. Passei a me dedicar e entender os fenômenos que me envolviam e o que eles significavam para mim, principalmente a descoberta que junto a mim se encontrava, um Anjo da Guarda que só queria o meu bem sempre!
De acordo com o espiritismo e, ainda, como vimos acima, o nosso Anjo da Guarda ou Mentor é um espírito mais evoluído do que nós, designado para nos acompanhar, ajudar e proteger durante o nosso período de reencarnação na Terra, sendo o nosso suporte nas provas que a vida nos oferece.
E, num belo dia, no meio do ano de 2014, aconteceu-me uma dupla alegria nos meus trabalhos na seara mediúnica. Nesse período estava com a mediunidade relativamente “educada” e tive uma enorme surpresa, pois conheci, durante um trabalho de aproximação do guia, o meu Anjo Guardião, de uma forma muito bonita, serena, com uma energia envolvente, veio e se apresentou: – Me chamo Viramundo e sou o seu Guia Espiritual.
Nossa! Um filme passou na minha cabeça e não me contive com a alegria, mas sabia que, a partir daquele dia, a minha responsabilidade aumentaria muito, assim como o meu compromisso de conhecer e trabalhar com Viramundo, aquele que esteve comigo desde a infância, ou melhor, agora sei, desde que nasci!
Nem sempre o Anjo da Guarda vai se apresentar, mas isso não importa muito, pois o que precisamos saber é que ele estará ali, nos ajudando, nos intuindo e nos inspirando nos diversos momentos que experimentaremos na vida. Importante ressaltar também que outros Espíritos, além do Anjo Guardião, podem ser mentores nas nossas atividades mediúnicas.
Por tudo isso, precisamos aprender a conversar mais com ele, a sentir sua energia e inspiração e ter esse ser como o nosso melhor amigo.
Termino citando mais uma vez Geraldo Campetti, no artigo comentado anteriormente, “algumas experiências que já pude compartilhar com o meu amigo invisível fizeram-me refletir sobre a grande necessidade do autoaprimoramento”.
É o que tenho feito e buscado a cada dia, estudar a doutrina, trabalhar na seara do bem, procurar o aprimoramento e me colocar à disposição para trabalhar com Viramundo servindo ao próximo com caridade e muito amor!
501. Por que é oculta a ação dos Espíritos sobre a nossa existência e por que, quando nos protegem,
não o fazem de modo ostensivo?
“Se vos fosse dado contar sempre com a ação deles, não obraríeis por vós mesmos e o vosso Espírito não progrediria. Para que este possa adiantar-se, precisa de experiência, adquirindo-a frequentemente à sua custa. É necessário que exercite suas forças, sem o que seria como a criança a quem não consentem que ande sozinha. A ação dos Espíritos que vos querem bem é sempre regulada de maneira que não vos tolha o livre-arbítrio (…).
(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec)”