“A educação da alma é a alma da educação”
Por: Cris D’Eça
Na jornada da vida, de alguma forma, todos somos crianças aprendendo a “crescer”, conforme o caminho sugerido por Jesus Cristo. Uns com maior sede de aprender, outros apenas curiosos, como aquelas crianças que vão experimentar seu primeiro pirulito. E ainda tantos outros milhares de almas que viveram a fase do corpo físico presos às marcas da família, da cultura e do planeta Terra, ao qual estamos temporariamente enraizados.
Quem não se recorda de despertar no fim de semana, ainda em tenra idade e perguntar se tem escola e que dia seria hoje? Naquele instante, com uma mente pura a respeito do conceito de imortalidade, é como se ignorássemos o tempo. Sabemos que todas as fases são registros importantes na senda do “reencarnante” mas, é na infância que experimentamos um toque de ‘inocência’, já que retornamos à jornada física sem nos lembrarmos das nossas existências pretéritas. E esse esquecimento nos torna maleáveis a um novo direcionamento dos pais ou responsáveis que, por sua vez, não sabem com clareza quem são aqueles espíritos-filhos, o que foram e o que serão na vida adulta.
Segundo ‘O Livro dos Espíritos’, a criança não tem a consciência de seus atos e a presença da sua inocência é como se fora uma ‘capa’ protetora percebida por seus pais ou responsáveis como “bondade e doçura”. Essa bela pureza de viver a infância, pela qual todos nós atravessamos um dia, é também um período crucial de oportunidades para o ser. Se reencarnamos pela misericórdia de Deus, para nos realinharmos com as suas leis, é com a ajuda e olhar dos pais ou responsáveis que, progressivamente, vamos construindo novas possibilidades de condutas, rumo à perfeição.
No exercício diário dos adultos serem os facilitadores na caminhada dos filhos em busca do progresso moral, que somente se dá através da vivência no amor, eis que surge a evangelização.
Portanto, falar de Infância é também falar da proposta da evangelização Espírita. As atividades desenvolvidas nesses encontros da Evangelização contribuem, sem dúvida, para despertar nas crianças e jovens o reconhecimento de que somos potências de paz e de luz. Desde cedo, durante os encontros semanais, de forma lúdica, construímos laços de afeto e confiança. É também nos encontros que discutimos um mundo possível a partir de cada um de nós: mais inclusivo, mais humano e mais solidário. Por fim, é durante as atividades, que envolvem arte, dinâmicas, música, teatro e tantos outros, que ajudamos a desenvolver nas crianças a noção da responsabilidade pelas suas próprias escolhas, fortalecendo o autoamor e autoestima.
Jesus em sua máxima, declarou: “Vinde a mim as criancinhas porque elas herdarão o Reino dos Céus”. Essa, resume toda a importância de investirmos na pureza das crianças, enxergando em cada uma delas um dínamo com potente força transformadora!
A infância é, portanto, o portal mais rico em oportunidade de crescimento não só para os pais ou responsáveis, mas também para a própria criança. É nesse momento que a doce arte de semear autonomia, senso crítico e amor encontrará solos férteis capazes de produzirem os frutos que farão desde já, um mundo mais dócil e pacífico.
Quanto aos adultos, que possamos despertar em nós a criança adormecida, curiosa e capaz de reinventar-se. Independente da fase que vivenciamos, que possamos nos habituar a ver e sentir a bondade para conosco e para com os outros. Que possamos entender que a cada dia a nossa prática do bem é a engrenagem mais importante para nosso HD mental e emocional no processo constante da busca por dias melhores e felizes na experiência humana.
E por fim, neste mês de outubro de 2021, aos 20 anos da Casa do Caminho Pronto Atendimento Espírita que levantemos a bandeira do Amor também sob o prisma da criança.
“4. Pois que o Espírito da criança já viveu, por que não se mostra, desde o nascimento, tal qual é? Tudo é sábio nas obras de Deus. A criança necessita de cuidados especiais, que somente a ternura materna lhe pode dispensar, ternura que se acresce da fraqueza e da ingenuidade da criança. Para uma mãe, seu filho é sempre um anjo e assim era preciso que fosse, para lhe cativar a solicitude. Ela não houvera podido ter-lhe o mesmo devotamento, se, em vez da graça ingênua, deparasse nele, sob os traços infantis, um caráter viril e as ideias de um adulto e, ainda menos, se lhe viesse a conhecer o passado. (…) É necessário esse estado de transição para que o Espírito tenha um novo ponto de partida e para que esqueça, em sua nova existência, tudo aquilo que a possa entravar. (…) Durante o tempo em que seus instintos se conservam amodorrados, ele é mais maleável e, por isso mesmo, mais acessível às impressões capazes de lhe modificarem a natureza.”
(Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII, Item 4.)