AS MATERNIDADES
Amor incondicional é o que precede o amor da mãe biológica, mãe adotiva, mãe solteira, mãe transexual, mãe universal. De quantas belas formas esse amor que se expande em cuidados constantes, proteção, atenção plena e porto seguro pode ser expresso! A maternidade é a tradução desse sentimento de mãe, é o elo entre a mãe e os filhos, gerados no ventre ou não. Esta essência da maternidade, esse vínculo pelo coração traduz o ato de ser mãe.
A Questão 890 de O Livro dos Espíritos nos traz que:
“Será uma virtude o amor materno, ou um sentimento instintivo, comum aos homens e aos animais? Uma e outra coisa. A Natureza deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da conservação deles… No homem, persiste pela vida inteira e comporta um devotamento e uma abnegação que são virtudes. Sobrevive mesmo à morte e acompanha o filho até no além-túmulo…”
Para compreender o real sentido da maternidade se faz necessário despir-se das ideias preconcebidas sobre o tema.
Uma das formas de maternidade se dá quando uma criança ou adolescente e o futuro cuidador se identificam e iniciam um verdadeiro laço de afeto mútuo no momento da adoção. Infelizmente muitos não conseguem ter esse olhar além dos laços consanguíneos e, por este motivo, existem tantas crianças e adolescentes sonhando com uma família. “A adoção é um ato fraterno, capaz de unir almas que irão colaborar para o crescimento mútuo.”
Já a maternidade solteira traz em si um grande desafio para a mãe que necessita do amparo de uma rede de apoio, frente às dificuldades materiais e psicológicas dos cuidados e educação dos filhos.
E quando se trata de maternidade homoafetiva e maternidade transexual? Por vezes o arranjo familiar diverso é considerado como exceção e uma psicopatologia. Essas possibilidades de maternidade por vezes é invisibilizada, ocasionando sofrimentos para as famílias.
A maternidade é plural, é sentimento, mais do que sensação de pertencimento. Quando adotamos visceralmente uma causa, este ato não poderia ser considerado como um gesto de maternidade? Quando se decide adotar a Humanidade, como os grandes mestres que habitaram o orbe terrestre o fizeram, esta não seria uma forma de maternidade?
Existe também a maternidade da mãe Terra que nos abriga, nutre, nos fornece tudo do que precisamos para sobreviver, nos acarinha com o frescor da brisa, nos abraça com o sol resplandecente, nos aconchega com as águas dos banhos nos rios e mares. Por mais que a maltratemos, ela está aqui, resiliente e todo amor.
Referências:
Souza, L. É Preciso gerar para ser mãe? <https://deolhonofuturo.uninter.com/e-preciso-gerar-para-ser-mae/?gclid=EAIaIQobChMIwIXInqSF-AIV6kJIAB0XFAJYEAMYAiAAEgIrrvD_BwE> 2021.
ALENCAR, I. ‘A maternidade real permeia pela dor e pela culpa’: mãe solo relata desafios de criar filha sem presença paterna. <https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2022/05/07/a-maternidade-real-permeia-pela-dor-e-pela-culpa-mae-solo-relata-desafios-de-criar-filha-sem-presenca-paterna.ghtml>. 2022.
MARTINEZ, Ana Laura M & BARBIERI, Valéria. A experiência da maternidade em uma família homoafetiva feminina. Maternidade e Homoparentalidade. <https://www.scielo.br/j/estpsi/a/kHWYJnthMbdFCwVKKW9bM3J/?lang=pt&format=pdf>
2011.
Fábio Tito, Gessyca Rocha, Marcos Serra Lima e Marih Oliveira. Maternidades trans: desafios e vitórias de quem conciliou o papel de mãe com a transição sexual. <https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2021/01/maternidade-trans-e-resistencia-historias-de-mulheres-que-lutam-diariamente-pelo-direito-da-maternidade.html> 2021.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Livro-dos-Espiritos.pdf>